Sobre deixar partir

Eu não sei deixar ir, talvez essa seja uma das minhas únicas certezas. Não sei de onde vem tanta dificuldade em pontuar as coisas de forma correta. Sinto medo, falta, vazio e isso me apavora mesmo que o final seja a coisa mais certa a se fazer. Sabe quando as coisas já estão fora do lugar por muito tempo? Sabe quando você olha pro lado e já não consegue ver quem você ama? Pois é... Talvez isso seja indício de que precisa deixar partir. O coração que ali estava já não bate por você, o brilho nos olhos já não é por sua causa, o sentimento se esvaiu há um tempo e você nem percebeu. O amor quizá já tenha se transformado em ódio ou coisa do tipo. O respeito já foi substituído pela arrogância. É triste, sei bem. As coisas vão perdendo a cor, o cheiro, o sabor, nesse momento já está passando da hora de colocar um ponto final. Daqueles pontos bem definidos, em negrito, sublinhado, entende?! E sozinho. Se chegou a tal ponto não se deve acompanhar de mais dois pontos, trios amorosos, na maioria das vezes, não dão certo. Vírgulas já não são tão apropriadas. Então só resta o ponto final, assim direto, seco e único. Preciso aprender a pontuar as minhas histórias, pontuar sentimentos, pontuar para dar limites para aqueles que já não vêem estes e acabam arrasando com tudo que tenho de bom em mim. É preciso deixar ir. É preciso um fim por mais doloroso que seja. E assim pontuo a nossa história: com um ponto que pretendo não tirar do lugar, não duplicar, não transformar em vírgula. E não é que eu não te ame mais, mas é que nossos destinos se perderam no caminho. Então deixo aqui meu ponto final, nosso ponto final. Fique bem, meu bem.

...............................................................................

Meus amores, este texto como tantos outros presentes na tag "Confidências" são como exercícios de me colocar no lugar do outro. Nem tudo nesta tag pertence a situações pessoais minhas.