Nós seres humanos, somos facilmente
escravizados. Somos féceis demais, nos rendemos a qualquer ideia com
mais de dez likes no Facebook, gastamos nosso dinheiro atualizando o
guarda-roupa pra que ele não deixe de ter aquela peça que mostra pra
todo mundo o quanto "cool" nós somos, votamos no candidato que tem mais
tempo no horário eleitoral porque é difícil demais pesquisar a vida
daquele outro que só tem direito a míseros três minutos de fala,
gastamos o que não temos, comprando coisas pra impressionar pessoas das
quais nem gostamos. Sim, somos facilmente manipuláveis. Toda essa
necessidade de nos enquadrarmos em padrões acabou nos transformando em
seres muito parecidos.
Quer ver? Aquela mulher
peituda de cabelos lisos, de unhas pintada de vermelho pipoca-doce, se
equilibrando num salto 15 daquela bota que todo mundo resolveu comprar,
chamou sua atenção? Ah, vá. E você aí achando que não era previsível.
A
bolha de influência invisível e maléfica que nos dita a cada segundo
como devemos nos vestir, o que devemos achar bonito, o que deve ser
considerado coisa de pobre, o que faz aquele sujeito parecer mais bacana
diante de todos os outros, cada dia mais nos transforma em seres que
são mais do mesmo. Como numa gigante linha de produção, vemos
pessoas-produtos esbanjando padrões como se tivessem sido escolhidos por
elas, quando na verdade todas as escolhas foram sendo injetadas em seus
subconscientes que estavam ocupados demais fuçando nas novas
atualizações do Facebook pra se dar conta disso. A geração dos zumbis,
meus amigos, está mais perto do que você imagina.
Mas
nem tudo está perdido. Eis que quando você já estava perdendo a
esperança, ela surge na mesa ao lado. Os cabelos encaracolados castanhos
e volumosos. Na pele, nada de sombras azuis, na boca, nem sinal de
batom vermelho. Você desce o olhar pra notar os seios, que caberiam na
palma de uma mão, delicadamente pesando pra baixo. Não há ferros nem
bojos fazendo o crime de impedir que eles deem aquela leve caída. As
mãos que viram as páginas do cardápio são inegavelmente femininas -
dedos pequenos, revelam uma surpresa em suas pontas - não há esmaltes.
Nos pés também não se vê aquela
pontinha de band-aid denunciando que a escolha da noite passada preferiu
a beleza, e não o conforto. As roupas deixam vários sinais de que o que
está por baixo delas é um conjunto inteiro que faz muito mais milagres
do que uma bunda malhada. Ela entende que não adianta de nada uma
embalagem bonita se o conteúdo não surpreender. Ela sabe que a vida é
curta demais e decidiu gastar seu tempo com coisas que realmente
importam. Na verdade, ela está pouco se fodendo pra essa disputa de
pessoas vazias em busca de um lado externo perfeito. Aliás, ela está
pouco se fodendo se você a acha menos gostosa por isso.
Reconhecemos
o valor de estar bem consigo mesmo, mas a discussão que queremos trazer
é o quanto queremos estar bem conosco ou o quanto queremos estar bem
com o que fomos forçados a acreditar como sendo um padrão ideal. Será
que ela realmente ama passar uma hora em frente ao espelho sempre que
lava o cabelo tentando eliminar quaisquer sinais de cachos com ajuda da
chapinha? Ou será que faz isso pra seguir um padrão invisível e pra se
sentir igual a todo o resto do mundo?
O
lado bom dessa história é que as moças como aquela que descrevemos
linhas atrás, passam despercebidas aos olhos daqueles que só enxergam o
óbvio. O bitolado por peitos grandes e empinados, nem vai notar a
presença dela. É como uma seleção natural - aqueles que conseguem
enxergar fora da caixa, acabam encontrando as mulheres mais autênticas,
mais parceiras, mais interessantes, enquanto os outros seguem a ver
navios e espalham pra geral que as mulheres de hoje em dia não querem
nada com nada. Bobinhos. Eles nem desconfiam que para encontrá-las,
basta tirar a venda e enxergar além do óbvio. Melhor pra gente.
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