Dar Valor Depois Que Perde: Um Drama Universal?
Em resposta (a mim mesma) ao texto "A falta é a tristeza em si" achei esse texto da Fê Mello e resolvi trazer pra vocês. Não sei bem o motivo, mas pra colocar algo na minha cabeça eu preciso escrever e ler, ler, ler todos os dias. Como se fosse uma lição de casa bem complicada e que cada vez lida se descomplica um pouquinho e vai entrando, se acomodando até que eu aprenda de verdade. Enfim, boa leitura :*

Se existe algo que eu não entendo é gente que só dá valor para as coisas
depois que perde. Acontece com todo mundo. Uma vez ou outra. Até aí
tudo bem. Não é preciso ter muita inteligência pra saber o quanto
algumas coisas nos são caras. Mas não é que – de repente – a gente
esquece? Vive achando que o passado era melhor, que a grama do vizinho é
mais verde? Então, meu amigo, está na hora de rever seus conceitos.
Essa coisa de “eu era feliz e não sabia” é coisa de gente fraca e não
pega nada bem. A era do saudosismo já era, inventar um passado perfeito
(pra aliviar o presente) não vai te fazer crescer. NUNCA.
Será que a gente precisa perder a casa, a saúde, o emprego (e o
respeito) pra lhes dar os devidos valores? Será necessário que o amor se
vá para ver o quanto ele era especial?
Sejamos sinceros: será que precisamos PERDER para, depois, aprendermos a VALORIZAR?
Ah, não. Eu estou cansada. Chega de ser a “mulher da vida” de um bando
de bocomocos que só me deram valor depois que eu me mandei. Não é sempre
assim? A gente aguenta o que pode, faz de tudo pra relação dar certo.
Aí um belo dia acordamos de saco cheio e resolvemos dar no pé e pensar
mais na gente. Nessa hora, o céu se abre, uma luz incide no meio da
cabeça dos pobres moços e eles conseguem enxergar o quanto a gente era
incrível. Incrível é pouco, na verdade. Eles vêem o quanto éramos
mulheres de verdade, parceiras de qualquer crime, que aguentávamos todas
as chatices e ainda fazíamos um carinho gostoso antes de dormir. Parece
familiar? Pois é. Aí a gente muda de classe. De CHATA a gente vira A
mulher. A santa. A deusa. A insubstituível.
Ô céus, e o pior é que isso acontece em todas as áreas da vida da gente.
Lembra daquele emprego bizarro? Ai, que saudade (já que o de agora é
muito pior!). Lembra da sua adolescência (ah, que tempo bom, arguição é a
melhor coisa da vida!). Bom, como vocês podem ver, estou meio alterada
hoje (o que, com a graça de Deus, me faz escrever 1500 caracteres por
minuto) e, por isso, resolvi extravasar minha indignação diante de todas
as criaturas (inclusive eu, vai saber) que cometem o deslize de achar
que o passado é sempre melhor.
Se o passado foi bom, ÓTIMO! Guarde-o na memória e faça seu AGORA ainda
melhor. Que tal? Difícil? Então vamos lá. (Quando eu fico nervosa eu
viro um livro de auto-ajuda, me acudam!)
Regra número um: a gente tem memória seletiva e SÓ lembra das partes
boas. Dos anos que foram coloridos. Das pessoas legais. Dica pra não
cair nessa furada: seja realista e lembre-se de todos os defeitos
alheios e todos os sentimentos ruins que você sentiu. Regra dois: pra
mim, um cara (ou um trabalho ou um amigo) que não te dá o devido valor
deve ser rebaixado. É, rebaixado mesmo. Então, se o cara resolveu te dar
valor AGORA, ao invés de você agradecer e bater seus enormes cílios, se
pergunte: um indivíduo que vive nesse estado de insatisfação constante
vale a pena? Regra número três: essa é a mais difícil. Sinta-se
agradecido. Verdadeiramente agradecido. Por tudo o que você tem HOJE.
Por tudo o que você É. Seja honesto com seus sentimentos. Não se
supervalorize. Nem tampouco se subestime. Seja forte. E bote pra quebrar
(se vier a calhar).
No mais, é só viver com o coração ABERTO. Afinal, o mundo anda tão louco
que quem não aproveitar o presente vai se arrepender amanhã. Essa é a
minha única certeza.
Um texto que serve para o contrário também, o que tem de mulher indecisa por aí não tá escrito, hahaha.
ResponderExcluirEstranho como é comum não perceber o valor do que que já está cativado, do que se conquistou. Acho que a insatisfação é uma condição inerente ao ser humano...
Vou guardar essa de rebaixar aquilo/aqueles que não nos dão o devido valor, ótima dica :p
O ser humano acaba sendo assim, salvo exceçoes, claro. É triste, eu diria. E como machuca você estar do lado do que não recebeu o devido valor, hein?! Mas fazer o que ne.. Acho isso de rebaixar um pouco drastico demais, mas acaba sendo a solução mais adequada em alguns casos ou na maioria deles..
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