Crônicas Digitais: Promessas - Futuro



O casal perfeito talvez seja aquele que não desiste de correr atrás do sonho e, apesar dos pesares, a cada dia se escolheria novamente, amém.

Ogrodoce


Você voltou rápido do banheiro. Eu só fui cuspir o chiclete. Por que não cuspiu nessa catarreira aí do lado? Porque isso é um troço de botar velas. Eu tomei uma garrafa inteira de vinho, acho melhor ir pra casa. Acho que você deveria ficar. Acho que se eu ficar, vou querer ver seus peitos. Agora não rola, tem criança aqui.
Olha bem: é uma anã. Eu não gosto da minha bunda. Sua bunda é bonita, você é toda bonita, bonita normal, mas seus peitos são internacionais. Eu gostei da sua calça molinha, dá pra sentir exatamente como é o seu pau. Você não quer sentir ele na boca? Quero, assim que as crianças forem embora. Olha bem: é uma anã. Não é. Mas ela tá fumando. Meu Deus, é mesmo uma anã. Então chupa meu pau? Espera, vamos pra minha casa? Você vai me levar pra sua casa? Só se você prometer que não vai me matar. Eu prometo, até porque tô sem tempo hoje. Se você fizer assim eu não vou conseguir dirigir. Dirige assim, quero ver. Não posso bater o carro, eu vou vender o carro na quarta. Tá perto? Eu tô com muito tesão. Eu também. Mas eu tomo um remédio que mexe com a minha libido, tô achando estranho tanto tesão. Eu não tomo nada mas deveria porque eu não durmo. Dorme na minha casa. Você disse que odeia que durmam na sua casa. Mas eu gosto de você. Eu gostei do seu cheiro. Do meu cheiro ou do perfume? Não sei. Eu gostei de você porque você é meio ogro, meio doce, você é ogrodoce. Você está tão sensual agora. Só agora? Só. Mas estamos juntos desde as seis da tarde e só fiquei sensual agora? Só. Mas eu te fiz rir das seis da tarde até agora. Macaco de circo não é sensual, é divertido, é legal, mas não é sensual. Eu sempre achei que ser engraçada era meu ponto forte. Não é. (________). Você ficou mal com o que eu falei? Muito. Por quê? Porque sem fazer piada eu não sei fazer mais nada. Então chupa meu pau. Tenho nojo sem estar apaixonada. Então se apaixona. Tá. Chegamos? Sim. Legal aqui, pequeno mas legal. E se eu falar o mesmo de você? Vai voltar a fazer piada? Eu não consigo parar. Para só um pouco, só um pouco. Vou tentar. Se desarma, vai. Vou tentar. Posso ver agora? Pode. Posso tirar a calça? Pode. Então tira a bota antes, botas são complicadas. Tiro. Você só me obedece? Só. Ah não, você tá fazendo graça! Tô. Não faz graça, se entrega, fazer graça é sua defesa, não se defende, eu tô bêbado, eu não tô me defendendo. Pra você é fácil. Por quê? Porque você é homem. Homem morre de medo de mulher como você. Como sou eu? O tempo todo analisando profundidades, dando notas de desempenho para almas. Notas? É, você é a Bruna Surfistinha da profundidade. Eu quero chupar seu pau. Não, antes eu quero ver uma coisa. Pode ver. Você tá com frio? Não, eu tô tremendo porque gosto tanto de você.
Calma. Eu sei. Calma. Eu sei. Posso? Espera, deixa eu pegar a camisinha. Onde tem? Ali. Você é safada. Por que tenho camisinha perto da cama? Amanhã quando eu for embora seu porteiro vai rir e pensar "essa dona do 64 não perde tempo". Eu sou uma vadia porque vou transar com você e acabei de te conhecer? Não! É? Não. Então não. Chupa mais um pouco antes de eu colocar. (___________). Espera, devagar. Tá. Posso? Pode. Vira? Viro. Fica assim? Fico. O que foi? Doeu um pouco. Desculpa. Não. Não desculpa? Desculpo, mas não, não para. Eu posso gozar? Pode. E você? Eu vou bem, obrigada. Não faz piada agora, peloamor, eu tô quase gozando e você continua armada. Desculpa, mas me sinto sexy sendo engracada. Você é muito sexy sendo engraçada. Você disse que não. Eu menti. Adoro essa música. O que é isso? Animal Collective. Não curto essas coisas estranhas, meio eletrônicas, meio sei lá. Você tem o melhor beijo do ano, o melhor sexo oral do ano, a mão quente, a boca quente, é tudo tão gostoso. Sério que você não vai falar do meu pau? Seu pau é lindo. Eu nunca imaginei que seria tão bom. Por quê? Porque você é metidinha intelectual, nhãnhãnhã. Posso lamber sua tatuagem? Posso te enforcar um pouco? Eu dou defeito. Toda mulher dá defeito, mas você parece ser o tipo louca que dá defeito rápido. Eu já tô dando defeito. Eu vou gozar. Goza. !!!!!!!!!!!!, eu tô com vergonha. Por quê? Por causa do escândalo. Foi lindo, você parecia a Luisa Marilac falando "porra" e tomando uns bons drink na Eu-ro-pa. Eu pareço um traveco gozando? Desculpa, eu não consigo parar de fazer piada. Eu vou embora. Mais cinco, por favor? Trepadas? Não, minutos. Eu preciso ir. Por quê? Pra não ficar pra sempre. Fica pra sempre. Por quê? Porque aqui tem amor, dinheiro e tarja preta, você pode só descansar existindo, eu faço o resto todo. Tarja preta vicia. Dinheiro também. Você tá tirando onda de rica? Não, eu tô tirando onda de homem. Você é uma menininha. Perto de você eu consigo ser e você não sabe o prazer que isso me dá. Se sentir menina? Estar com um homem, eu só andei com moleques nos últimos anos. Eu sou velho? Você é bonito demais. Eu sou bonito porque você admira meu trabalho, eu não sou bonito tipo andando na rua. Você é bonito tipo andando na rua. Seus peitos são internacionais. Leva um e me deixa com o outro. Qual você quer me dar? O que tem o coração. Você vai pro Rio quando? Eu quero te ver de novo. Então, vai pro Rio. Eu tenho fobia do Rio. Eu também. Porque lá é tudo feliz mas eu me sinto sozinha.
Exatamente. Quero tanto te ver. Dá próxima vez você é que vai pagar o vinho. Mas foi você que bebeu. Não interessa. Fala "não interessa" de novo. Não interessa. Adoro sua voz. E o que mais? E sua mão quente e seu beijo calminho e intenso e seu jeito de lamber antes a calcinha pra ver se tava cheirando bem. Tava cheirando ótimo. Mas eu trabalhei o dia inteiro. Mas tava ótimo. Cheiro ou combina ou não combina. É. É. Chama um táxi. Não. Eu ficaria mais se não tivesse que arrumar as malas. Não arruma, fica pelado pra sempre, você é tão bonito pelado. Vou jogar isso fora antes que caia tudo na sua cama. Deixa cair, engravida minha solidão. Que bonito isso, você deveria ser escritora. Que cínico você, deveria ser ator. Eu ficaria mais. Eu não gosto nunca de nada e gostei tanto de você. É? Droga. O quê? Eu falando de gostar. E daí? E daí que vai acontecer tudo de novo. O quê? Vou sentir demais, falar demais, escrever demais, você vai embora. Agora eu vou embora. E depois? Depois não sei. Tá. Eu ficaria, sério, eu ficaria muito, muito, muito. Eu sei. Mas agora eu vou. Então tira o dedo dai. Não consigo. Então não tira. Eu queria foder o dia inteiro com você. Eu queria foder a vida inteira com você. Você é exagerada. É só como dá pra ser. Chupa meu pau? Pra sempre.

Isso tudo, todo esse medo do nada-acontecer ou do tudo-acontecer-rápido-demais tem me deixado cansada. Nada de mais. Você sabe montes de coisas sobre mim, muito porque sou tagarela, coleciono tiques nervosos e acho que está sempre faltando um algo mais – por que se contentar com o ótimo, se pode ficar perfeito?

É bonito de se ver. A gente hoje se respira, se envolve feito leite e café, corremos na direção do outro sem medo de atravessar-se numa colisão violenta onde nenhum de nós desafia evitar.
Pegou a minha mão quando eu já não mais sentia. Segurou os pensamentos, o burbulhar das lágrimas ardendo no coração. Aquela ânsia esquisita, ele acalmou. Apalpava meu sonhos, me trazia o ar, trouxe o chão de volta para os meus pés. O dono daquele dia vazio, daquela noite tristonha, me fez crer que as coisas que vivem dentro de nós, não são ilusão. Apenas moram em outro lugar. Obrigada por me amar. Repetia o tempo todo, só pra acarinhar aquele amor paciente que me aceitou de roupas cinzas e sorriso sem brilho algum. Não é só gratidão o que tenho. É respeito e o amor mais puro e benigno. Teu sorriso devolve o colorido dos dias. Ainda que cansada eu fique de tanto acreditar em coisas que não chegam nem perto, tua presença em meu peito insiste em me dizer o contrário. Que não importa o tamanho da distância entre os braços, não importa a solidão dos nossos olhos, tenho a certeza que estaremos sempre juntos.

Ya no curare tu soledad
Cuando duerma la ciudad
No estaré para oír
Tus historias tontas
No, porque tienes miedo de sentir
Porque eres alérgico a soñar
Y perdimos color
Porque eres alérgico el amor...

Voy caminando en tormentas electricas
Buscando algún territorio neutral
Donde no escuche de ti
Donde aprenda a olvidar
A no morir y a no vivir
Tan fuera de lugar

Sabes
No voy a cuidar tus pasos
No te puedo defender de ti

O blog ta de volta *---*

Ooi gentee! Como estão? O blog ta de volta \ã/ Senti saudades de vocês ><  Vamos as postagens de hoje?!
Oi gente! Vim aqui rapidinho avisar que nessa semana não irei postar.. Terei que me ausentar disso tudo aqui por motivos pessoais.. Então peço que vcs compreendam. 
Até logo.


E eu estou aqui para lembrá-lo da bagunça que você deixou quando foi embora...

Deve ser este silêncio da noite que faz a gente ouvir a voz da saudade, deve ser a pouca luz que faz a gente ver o que o nosso esforço para esquecer ofusca.

Ruim mesmo é um dia a gente perceber que amou e gostou e quis sozinho. O outro era apenas um reflexo das nossas aspirações.

E o amor...


O amor cresce mesmo sem esperanças..


O amor de volta. Você não anda com saudade dele? O amor desapareceu. Evaporou. Virou obsoleto amar. Casais se unem, agora, por desejo instantâneo, por oportunidade e por conveniência. (...) Se você ainda tem um amor escondido no armário, no fundo de alguma gaveta, trancafiado em algum lugar, não jogue fora. Dê para alguém que esteja precisando. Ou guarde. Sou uma otimista: a moda pode voltar.

E se eu te disser que eu tô com medo de ser feliz pra sempre?

Não, não foi a primeira vez e provavelmente não seria a última. Eu confiei, sim, e não me arrependo nem um centímetro, olhando daqui. Pra confiar é preciso viver com o coração. Eu vivo.

E entre tudo que ele poderia ser pra mim, ele escolheu ser saudade.
Já estão seguindo nossa página no facebook? Gostariamos muito de conhecer vocês mais um pouquinho! Vem gente *-*


 

Sentir falta é diferente de sentir saudade. A saudade bate, agonia, estremece. A falta congela, chora, entristece. A saudade é a certeza que a pessoa vai voltar. A falta é o querer ter de volta, mas saber que não vai ter.

Mulher é foda mesmo. Têm todos os motivos do mundo pra mandar o filho da puta sumir, e acaba respondendo o sms que não era pra responder, atende o telefonema que não era pra atender, e acaba indo pra casa de quem não era pra ir. E depois de tudo ainda fala: “Dessa vez é serio, não vou mais fica com ele.

Para o menino com sorriso sincero

O centro da cidade vibra meu pânico de multidão. São pessoas esbarrando em mim e gesticulando palavras que eu não entendo. Meus fones de ouvido protegem minha cabeça de toda a dor acústica e me vendem decibéis mais ternos. Minha vida não importa pra esses humanos que me atropelam sem rodas. São todos viventes de seu próprio caminho e cruzam o meu por destino ou precisão. Se por acaso eu parasse, seria somente por minhas pernas perderem seu sentido entre tantas outras.
Eu posso ver - por todos os lados, por todos os poros. Respirações longas e curtas, afobadas, vivas - mas não enxergo. Exatamente à minha frente, focaliza uma imagem, apenas uma. Eu jamais me esqueceria de tal visão. Se por acaso eu dormisse, seria apenas por não ter forças em manter meus olhos fixos.
Mesmo depois de conhecer vários e novos sorrisos, o dele ainda é o meu preferido. Eu e a minha mania com dentes e caráter. Tenho certeza que ele é bom porque sorri de verdade. Entre tantos medos e mortes da solidão em meio à todos, alguém sorri sorrindo. No meio de tudo, alguém pareceu se importar e demonstrar caráter. Ainda que eu parasse no tempo e buscasse a razão, seria só por não encontrar opções de fuga quando me prendo na hipnose dos olhos sorrindo.
Devolvo o olhar por não saber o próximo segundo e pela vontade de estender o momento pela eternidade. Parecemos mútuos no desejo de viver pra sempre no agora só pela companhia extraordinária. Se eu viro as costas e entro no ônibus, é porque assim havia de ser e porque a força humana me empurra na direção contrária ao impulso inicial. Por quê?
Talvez fosse a exata sintonia, do exato alinhamento, da exata fração de segundo que motivasse duas presenças tocadas dessa maneira. E se existir um próximo encontro, por mais breve e estático que seja, será só pelo encanto do sorriso mais sincero do meu caminho.


E, se o sentimento compartilhado realmente for bacana e precioso para as duas vidas, quem sabe pedir uma para a outra com honestidade: 'não desiste de mim'.

Sou dessa leva de gente que tem como sina ver demais. Sentir demais. Amar quase do tamanho do amor.

As horas

Você me pergunta se já li “As horas” e me manda um trecho do livro. Não acho o trecho nada demais. A última vez que nos falamos faltavam dois dias para o Natal. Hoje é sexta-feira da paixão. Você sempre lembra de mim dois dias antes de datas religiosas. Sua loucura é burocrática.
Você quer me contar que sente angústia e não sabe amar. Você sempre quer me contar que sente angústia e não sabe amar como se isso fizesse de você mais misterioso e complicado e “escolhido pelo capeta” do que os outros mortais. Ninguém sabe amar, todo mundo tenta amar porque é preciso pra não se matar, todo mundo ama entre essa de não saber e tentar e não se matar. Ter um estômago enjoado é o que nos diferencia de bonobos. Buhuhu pra você. Mimimi pra você.
Lembro de quando eu não sabia dirigir carro automático mas te vi dormindo tão bonito e quis tirar o seu carro da rua perigosa e colocar na minha vaga. Eu demorei trinta minutos pra conseguir fazer isso. Eu voltei pro quarto e você me olhou com dó e disse que não conseguia ficar e foi embora. Eu também não consigo ficar. Eu também não consigo pensar que estou estacionada na vaga de uma pessoa.
Eu só quis tanto que você ficasse porque é mais fácil querer quando a pessoa já é mais um vulto de desculpas se esvaindo do que uma carne entregue e densa numa cama. Você foi embora esse dia e nunca mais voltou. A gente dançou Bluebird abraçadinho no show, a gente voltou com as janelas do carro bem abertas porque estava calor e o calor tinha cara de uma felicidade que corava e aquecia o sangue. Eu te abracei tomando cuidado pra não te sufocar quando você teve uma crise de ansiedade. Eu estava tendo uma crise de ansiedade mas a enxerguei melhor em você.
Eu amava você. E suas janelas emperradas e seus bonequinhos no banheiro e a voz mansa e doce de mal elemento e o cinismo genial me afastando de você enquanto eu queria amarrar meu cabelo no seu pé e seguir do seu lado mesmo sendo desconfortável. E de como seus olhos ficam assustadoramente psicóticos quando você bebe. Você foi embora nessa noite e nunca mais voltou.
Sua camiseta colorida eu dei pro meu porteiro. Sua meia puída eu joguei fora. Seu chinelo sujo com o nome dos noivos de um casamento em Angra eu guardei um tempo, pra lembrar que seus pés eram pequenos e gordinhos. Depois dei pro faxineiro do prédio. Nesse dia do chinelo eu chorei. Chorei muito. Era sua última coisa comigo e ela foi pro meu faxineiro e isso me pareceu tão injusto e triste e sujo de se fazer.
Você já faz um ano e cinco meses. Ficamos juntos três semanas e dois dias há um ano e cinco meses. Um milhão de pessoas de um milhão de galáxias ficaram três semanas e dois dias comigo. Mas você eu já desisti de esquecer. Pra sempre eu vou sentir um elevador de gelo seco em todos os meus andares quando você aparece de alguma maneira. Quando tem foto sua, quando tem recado seu, quando tem você atravessando a avenida.
Esse texto nem ficou bom, porque agora amo outra pessoa e então eu nem consigo te dizer nada incrivelmente bonito. Mas queria vomitar a última micrograma de sal viciante no fundo de um saquinho de salgadinhos que fazem mal mas que, na pressa, às vezes usamos como refeição.
Lembro de você, antes de atender o entregador de pizza no interfone, me dizendo que não aguentava mais fazer o personagem “homem perfeito pra mim”.
Eu nunca te preferi por causa dos seus trechos de livros, músicas, mãos dadas, dedicações corporais, gostos para poesias, diálogos inteligentes e comidas entregues em casa. Eu nunca te preferi por causa das suas histórias de aventuras ou do seu sucesso enquanto jovem talentoso e gato com carrão a apartamento no metro quadrado mais caro de São Paulo.
Eu nunca te preferi como uma menina que te prefere porque você é um personagem muito trabalhado para ser preferível. Tudo isso era só uma boa música e uma boa fotografia e uma boa direção e um bom roteiro. Mas eu amava o negativo preto e branco e de ponta-cabeça. A fagulha de ideia da sua existência. O seu nariz aristocrático e a sua boca corada mesmo quando você empalidecia no começo da noite.
Eu amava você dormindo, de barriga pra baixo, os cachos espalhados no meu nariz, o suor na nuca secando ao longo da noite, sua barriga enchendo de ar de forma errada porque você respira mal. Eu amava você chamando seu bruxismo de vampirismo e depois dizendo que eu te deixava nervoso. Eu amava o medo que você tinha de eu te amar em tão pouco tempo e do sentimento ser grande o suficiente para eu perceber, colorir e decorar suas minuciosidades desimportantes.
Amava sem você fazer nada, só respirando pesado, só lutando com seu peito angustiado, só perdido, só tentando ficar mesmo não sabendo como.

Talvez você esteja tão perdido quanto eu. Amarrado em histórias antigas que nunca existiram. Confundindo lembranças com imaginação, amor com admiração. Te enxergo sempre em universo paralelo, ao meu lado, e enquanto estamos por aqui, mesmo presente, estamos ausentes. Ao ponto de nos perdermos, antes mesmo de nos encontrarmos.


Sentir a falta e sentir saudade são coisas diferentes. Saudade é pra quem sente amor. Sentir falta é pra quem sente vazio.


Nós somos complexas. Levemente malucas. Fofas. Temos obsessões por coisas que só nós entendemos. Morremos de frio quando a temperatura desce míseros graus. E viramos onça, quando preciso. Somos, na verdade, seres completamente hormonais e emocionais. Nós inventamos a doçura (sabia?). E gostamos de criar (e recriar) por natureza.

Confesso que me dá uma saudade irracional de você. E tenho vontade de voltar atrás, de ligar, de te dizer mil coisas, e cair em suas mãos, sem me importar com nada, simplesmente entregar-te meu coração. Mas não, renuncio, me controlo e digo para mim mesmo que não é assim, que não pode ser, que você se foi, e não volta.

E era por isso que ela gostava daqueles abraços. Os apertados. Porque era ali. Era ali que ela encontrava tudo o que havia de mais bonito.

— Quem não procura, não sente falta, moço.
— Engano seu, pequena. A nostalgia tortura e todo dia o coração implora pedindo pra voltar.
— Porque não volta, então?
— A saudade é grande, mas o orgulho é ainda maior, menina.

Sabe qual é meu sonho secreto? Que um dia você perceba que poderia ter aproveitado melhor a minha companhia. Que um dia imagine o quanto teria sido ótimo estar ao meu lado, mesmo quando eu estava gripada. No entanto, sei que você está a cada dia que passa mais fugidio. E eu me limito a me surpreender com as circunstâncias da vida. Que me levaram a viver esse papel: o da mulher que quer mais um pouquinho. Constrange-me existir esse personagem Chico Buarque, dolorida, bonita, sendo assim, meio tonta, meio insistente, até meio chata. Nunca precisei aborrecer ninguém antes, então atuo por instinto, cansando-me facilmente. E que fique claro que não é por estar você dessa forma, tão esquivo, que o desejo tanto. Desejo-o porque desejo. Estúpida. Latina. Bethânia. Ainda creio que você, quando eu menos esperar, possa me chegar com um verso em atitude.
Tem vontade de subir em cima daquele corpo e dizer ' ei, devolve. Devolve o amor que tinha aqui. Que preenchia essas lacunas no meu peito, deixando tudo menos frouxo em mim. Devolve a liga, o ponto que faz do bolo um bolo, o nó da lã de tricô. Me salva'.

É loucura descrer em todo amor porque um deles te foi infiel. É loucura jogar fora todas as chances de ser feliz porque uma tentativa não deu certo. Espero que na tua caminhada não cometas estas loucuras. Lembrando que sempre há uma outra chance, uma outra amizade, um outro amor, uma nova força. Para todo fim, um recomeço.

Vou rir bastante, manter um ar distante e esquecer quanto tempo faz.
Você diz que ama a chuva, mas você abre seu guarda-chuva quando chove. Você diz que ama o sol, mas você procura um ponto de sombra quando o sol brilha. Você diz que ama o vento, mas você fecha as janelas quando o vento sopra. É por isso que eu tenho medo. Você também diz que me ama…

Crônicas Digitais: Mulheres inteligentes e caras babacas



Toda mulher que se preze já se apaixonou por um babaca. A história é quase sempre a mesma, o final também. A gente conhece um cara, ele se mostra doce, maravilhoso e bem resolvido. A gente – encantada – guarda a intuição no fundo da gaveta, veste o melhor decote (e o melhor sorriso) e sai linda, leve e solta para mais um capítulo cheio de frases mal contadas, celular desligado e eventuais sumiços. Verdade seja dita: a gente sente que tem alguma coisa errada, mas acaba fazendo vista grossa. E acha que está sensível demais, exigente demais, desconfiada demais. E deixa rolar. O resultado? O cara te enrola, te pede desculpas. Depois vacila de novo e te enche de presentes. Meninas, estou escrevendo este texto para eu mesma decorar. Imprimir. E nunca mais esquecer.
A gente não pode sair por aí perdendo nosso tempo com esses babacas. Chega de desculpar tanto, de tampar o sol com a peneira. Quando um cara REALMENTE está afim de você, ele vai até o inferno por você. Essa verdade ninguém me tira. Não tem trabalho, família, futebol, amigos, crise existencial, nem celular sem bateria que façam com que ele – caso tenha educação e a mínima consideração – não tenha tempo de dizer um simples “oi”. Isso não é pedir muito, concorda? O cara não precisa dar satisfação a toda hora, te ligar várias vezes por dia, isso é chato e acaba com qualquer romance. O que eu quero dizer é que mulher precisa de carinho. Atenção. E uma sacanagem bem-dosada. Se o sujeito vive brincando de esconde-esconde, não responde lindamente suas mensagens, não te chama pra sair com os amigos dele e nem tenta te agarrar quando você diz que está com uma lingerie de matar por debaixo da roupa, minha amiga, o negócio está feio. Muito feio. Confesso que não é tarefa fácil colocar um ponto final de uma hora pra outra nessas histórias. Somos seres românticos, abduzidos pelos finais felizes dos filmes e livros. A gente sempre acha que alguma coisa vai mudar, que ele vai perceber TUDO o que está perdendo e vai aparecer com flores na porta da nossa casa. Mas a realidade é diferente.
Não somos a Julia Roberts, não estamos numa comédia romântica e, na vida real, homens são simples e previsíveis. Quando eles querem uma coisa, não há nada – nem ninguém – que os impeça. Portanto, anotem aí: quando um cara está afim de você, ele vai te ligar, ele vai te procurar, ele vai te beijar, ele vai querer estar sempre com as mãos em cima de você. Não sou radical, apenas cansei de dar desculpas pra erros que não são meus. Ou são. Afinal um cara babaca sempre dá pistas de que é babaca. Só não enxerga, quem não quer.

O príncipe gostoso


Era uma vez... numa terra muito distante...uma princesa linda, independente e cheia de auto-estima.

Ela se deparou com
uma rã enquanto contemplava a natureza e pensava em como o maravilhoso lago do seu castelo era relaxante e ecológico...
Então, a rã pulou para o seu colo e disse: linda princesa, eu já fui um príncipe muito bonito.
Uma bruxa má lançou-me um encanto e transformei-me nesta rã asquerosa.
Um beijo teu, no entanto, há de me transformar de novo num belo príncipe e poderemos casar e constituir lar feliz no teu lindo castelo.

A tua mãe poderia vir morar conosco e tu poderias
preparar o meu jantar, lavar as minhas roupas, criar os nossos filhos e seríamos felizes para sempre...

Naquela noite, enquanto
saboreava pernas de rã sautée, acompanhadas de um cremoso molho acebolado e de um finíssimo vinho branco, a princesa sorria, pensando consigo mesma:
- Eu, hein?... nem morta!
All you need is love, eu tenho tatuado! O amor é fundamental. O amor é o principio, é o êxtase, é a eliminação do ego, é quando você enxerga o outro não como um jogador. É quando você começa a olhar junto pras mesmas coisas, com a mesma delicadeza, e as coisas ficam tão melhores com o amor. O amor é fundamental. O amor é a primeira coisa. É o começo do resto.

Enquanto não atravessarmos a dor de nossa própria solidão continuaremos a nos buscar em outras metades. Para viver a dois, antes, é necessário ser um.

Mas nem sempre é necessário tornar-se forte. Temos que respirar nossas fraquezas.

Dica de série: Whitney

Oi oi gente! Talvez vocês já tenham ouvido falar em um seriado chamado Whitney. É uma comédia bem gostosa de se assistir. Ela retrata a vida de um casal (Whitney e Alex) com todas suas características peculiares. Whitney é uma fotógrafa e tem pavor a casamento. E Alex é um apaixonado, mas que se adapta ao jeito de sua namorada. A trama é bem leve, não enjoa e é bem engraçada. O elenco todo, na verdade, é muito bom. Garanto que vocês vão viciar! E desafio cada um de vocês a não darem boas e altas gargalhadas! 
Cada episódio dura cerca de 20 minutinhos (pouquinho, vai?!). Assisto ela pelo computador mesmo (sou do crime), mas procurei por aqui e vi que também passa no canal fechado Liv. Enfim, procurem e assistam. Vocês vão adorar!


Uma mulher não perdoa uma única coisa no homem: que ele não ame com coragem

Crie laços com as pessoas que lhe fazem bem, que lhe parecem verdadeiras. Desfaça os nós que lhe prendem àquelas que foram significativas na sua vida, mas infelizmente, por vontade própria, deixaram de ser. Nó aperta, laço enfeita; simples assim.

Podia ser só amizade, paixão, carinho,
admiração, respeito, ternura, tesão.
Com tantos sentimentos arrumados
cuidadosamente na prateleira de cima,
tinha de ser justo amor, meu Deus?
Porque quando fecho os olhos, é você quem eu vejo;
aos lados, em cima, embaixo, por fora e por dentro de mim.
Dilacerando felicidades de mentira,
desconstruindo tudo o que planejei,
Abrindo todas as janelas para um mundo deserto.
É você quem sorri, morde o lábio, fala grosso, conta histórias,
me tira do sério, faz ares de palhaço, pinta segredos,
ilumina o corredor por onde passo todos os dias.
É agora que quero dividir maçãs, achar o fim do arco-íris,
pisar sobre estrelas e acordar serena.
É para já que preciso contar as descobertas, alisar seu peito,
preparar uma massa, sentir seus cílios.
'Claro, o dia de amanhã cuidará do dia de amanhã
e tudo chegará no tempo exato. Mas e o dia de hoje?'
Não quero saber de medo, paciência, tempo que vai chegar.
Não negue, apareça. Seja forte.
Não confio em quem não olha nos olhos e abraça mole. Acho que falta mais olho no olho na vida.
Tira-se a roupa para transar, mas é depois que se fica nu de verdade. Aí sim o desejo mais ingênuo salta aos olhos. Ficamos lúcidos, indefesos, satisfeitos. Não se faz necessário tarimbar o sentimento. Não querer levantar da cama é dizer eu te amo. Depois do tesão animal, do untar da pélvis, do desparafusar do molejo, ouvir ‘me abraça forte e fica quietinho’ é uma declaração.

Faça um pedido e coloque no seu coração. O que você quiser, tudo o que você quiser (...) Agora acredite que pode se tornar realidade. Nunca se sabe de onde o próximo milagre vai vir.. O próximo sorriso, o próximo desejo tornado realidade.. Mas se você acreditar que está bem ali na esquina e abrir seu coração e mente para essa possibilidade, para essa certeza, você pode acabar conseguindo aquilo que deseja. O mundo é cheio de mágica, você só precisa acreditar nela. Então faça o seu pedido. Você tem? Que bom. Agora acredite nele com todo o seu coração!

Das promessas bem-vindas


Eu lembro do dia em que você se apaixonou pelo rasgo no meu peito e firmou um contrato de que seria meu lar, meu colo, meu refúgio de proteção. Você queria me cuidar e pediu que eu despisse os medos e o sufoco na sua casa, na sua cama, no seu peito. Você me deixou mastigar cada pedacinho do que você era, na minha voracidade em ter e pertencer. Me deixou penetrar no seu mundo, como se sempre tivesse sido meu o lugar reservado do outro lado do seu colchão. E também o espaço para deixar meus livros na sua cabeceira, e o lugar deixado para guardar minha escova de dentes no armarinho do seu banheiro. Seus olhos me diziam no silêncio absoluto que era eu quem você esperou por tanto tempo. E seus dedos no escuro dedilhando minhas costas, nuca, barriga, coxas. Seus dedos repetiam que sou eu quem você queria pra bagunçar a tua vida.
A chatinha, mesquinha, faladeira, que ri de tudo e não se importa muito com nada. Eu, a tua menina, tua confidente, teu aconchego, tua mansidão calada. Você, a minha escolha mais bonita. Mas num dia preguiçoso, quem sabe em um domingo quando a gente estiver só esperando o sol se pôr pra se amar sem querer saber se amanhã é segunda-feira, nesse fim de tarde morno eu vou te falar baixinho que também era você quem eu esperava esse tempo todo. Nos dias seguintes eu vou te mostrar sem precisar dizer nenhuma palavra como você deixa as coisas tão mais lindas e vou falar da minha vontade de fugir contigo pra qualquer lugarzinho perdido pra refazer a minha vida e a tua.
Agora mesmo eu ando esquecendo de todas as dores que eu já senti um dia, e de todos os caras que se aproveitaram do espaço no meu peito que sempre foi teu. E eu decidi promover um surto de amnésia induzido de todos os idiotas que tentaram acabar comigo. Agora eles são poeira, são nada. Porque é simplesmente maravilhoso descobrir que era beijando as pintinhas da sua barriga para escutar teu riso mais bonito que eu teria um pouquinho de paz. E saber que é nas falhas da sua barba, nas pintinhas da sua íris que se espalham ao redor das pupilas, nos contornos das suas mãos que eu sou feliz de verdade. Apagar tudo o que eu fiz até você chegar porque afinal nada era tão bom enquanto eu ainda não te escutava cantando no chuveiro e embromando as partes em que você não sabia a letra. Nada seria tão perfeito quanto não fazer nada ao seu lado, e isso jamais alguém entenderia.
Eu vou pedir pra ficar pra sempre deitada nas suas costas, ganhando cafuné, cantando Cazuza pra você enquanto deitamos na rede deixando o dia passar de mansinho. Vou te deixar bilhetes no bolso do seu casaco, te ligar com saudade logo de manhã. Vou te acostumar aos meus dedos acariciando sua nuca, seu peito, seu coração. E você vai saber que te sinto sempre por perto quando você não está aqui.

Que filme a gente seria?


Difícil começar a escrever sobre temas que anotei na minha lista de “crônicas para se pensar”, quando só uma coisa me vem à cabeça. Você. É, você.  Você e seu jeito de me olhar quando eu abro a porta de casa. Você e suas blusas Hering sempre iguais. Você e seu jeito de mudar o canal cem vezes por minuto. Você e seu jeito tosco que às vezes me irrita. Você e suas manias engraçadas que me fazem rir. Você e seu coração que quase te engole. Você e seu jeito investigativo de olhar para o mundo, como se tudo fosse um filme. Achando planos. Ângulos. Luzes. Sombras. E me enquadrando no meio de tudo.

Nessas horas, te olho e penso: que filme se passa quando você NOS vê? Que filme te lembra quando você ME vê? Seria eu uma das mulheres loucas de Almodóvar? Uma neurótica com ares nouvelle vague, bem Woody Allen? Ou – quem sabe?- surgiríamos das telas lisérgicas de Kubrick, surpreendendo a nós mesmos, com atitudes e tons que teoricamente nunca teríamos? 

Mas... Não. Não seria assim. No máximo, Agnes Varda te serviria de inspiração (gosto de pensar que você me acha maluca, mesmo tendo consciência que isso te assusta). A verdade é que tudo em você é original demais. Sua mente é intensa e infinita e eu adoro pensar nas imagens que dançam em sua cabeça, logo eu que só penso com palavras.

Aposto que agora você está imaginando: como seria o NOSSO filme? Bom, tenho uma coisa a dizer. A história é nossa, mas a direção é sua. Sempre foi, desde que te conheci. E eu te sigo, sigo... Produzo o que não existe, crio diálogos intermináveis, mudo o roteiro a toda hora. E tenho que confessar, mesmo tendo a lua em Áries (coisa de quem não aceita ordens): eu GOSTO disso. Gosto que você dirija. O carro. O ritmo. A ordem. A viagem. A relação. Porque, vamos ser sinceros... Se fosse eu a diretora dessa história, nosso longa-metragem seria um curta (já que nunca fui dada a grandes experimentos). Mas você me mostrou que faz parte acreditar. Amadurecer. Ter paciência. Relevar. OK. Vale conhecer o enredo. Vale apagar tudo e recomeçar. Vale rebobinar e rever.  Vale apertar o pause e tentar. Não é assim? Por isso, antes que esse texto vire um emaranhado de metáforas baratas de cinéfilos, vou improvisar e dizer sem pensar (porque ambos sabemos que esse é um dos meus hobbies preferidos e meu “quase talento”): te deixo nos guiar, se você, por sorte, me deixar escrever. O roteiro é meu. Mas a direção é sua.

Quando ameaça doer demais ria feito louco, feito idiota, ria até que o que parece trágico perca sentido.

Dizem por aí que mais valem na vida os momentos que perdemos o fôlego aos que simplesmente respiramos. Concordo.
 Não precisa gostar de mim se não quiser. Mas não me faça acreditar que é amor, caso seja apenas derivado.

Em uma época em que os desejam duram o tempo de uma estação, amar virou coisa de gente corajosa.

Crônicas Digitais: O amor é punk

Oi gentee! Alguns de vocês já devem ter visto algum vídeo da série "Crônicas digitais" da Fernanda Mello, aos que não viram super indico! E é por isso que vou postar aqui as crônicas da Fê (é muita amizade, sabe?! rs). Tenho certeza que vocês vão se encontrar em muita coisa que ela diz. Eu vivo me achando nas palavras dela. Adoro isso! Enfim, vamos a primeira crônica: 

O amor é punk



Aqui estão algumas das frases do roteiro do vídeo que, acredito eu, valem muito a pena serem destacadas:
"Relacionamento a gente constrói. Dia após dia. Dosando paciência, silêncios e longas conversas. Engraçado que quando a gente pára de acreditar em “amor da vida”, um amor pra vida da gente aparece."

"Depois de anos escrevendo sobre querer alguém que me tire o chão, que me roube o ar, venho humildemente me retificar. Eu quero alguém  que divida o chão comigo. Quero alguém que me traga o fôlego."

"Não existe nada mais contestador do que amar uma pessoa só. Amar é ser rebelde. É atravessar o escuro. " 

"Mas amor não é só poesia e refrões. Amor é RECONSTRUÇÃO. É ritmo. Pausas. Desafinos. E desafios."
Esquece a fantasia, abandona a monotonia, aposenta o cavalo branco e vem do que jeito que você é que é esse o jeito que eu te quero
Eu constantemente sinto saudade das coisas que perco, mas não as quero de volta. Já doeu uma vez.

Sinto saudades de quem não me despedi direito, das coisas que deixei passar, de quem não tive, mas quis muito ter.

Foice, o tempo


Você me pediu perdão como se pudéssemos remover com uma borracha nosso pequeno e trágico passado. Mas eu te perdoei porque não consigo gastar um átimo de segundo da minha existência guardando qualquer sentimento por você. E para te perdoar, precisei perdoar também a mim mesma pela armadilha que criei quando eu estava triste e desorientada demais para achar que você pudesse me dar qualquer tipo de direção e desabei nos seus braços e me deixei levar pelas suas mentiras caudalosas. E você, com sua personalidade nociva e perversa, e por viver tão afundando na ignorância de ser quem é ainda pensou que ser perdoado era um passaporte para qualquer tipo de aproximação. Não. Agora eu tenho sanidade para fazer escolhas certas e não estou mais frágil como antes. O que você me causou e as consequências graves que tive que administrar sozinha, por causa da sua covardia, me fortaleceram de tal forma, que o meu horizonte interno se ampliou no peito e nos olhos e o meu tamanho teve que ser aumentando para comportar tantos aprendizados. Por isso, a pessoa que consegue te perdoar hoje, não é a mesma que você feriu com toda crueldade que eu não sabia ser possível num ser humano considerado socialmente normal. O mal que você tem feito a si mesmo, não é mais problema meu e a minha presença seria um presente dado a alguém que não tem a menor condição de receber o que é bom. Eu poderia ter ajudado você a se lapidar com a minha predisposição para o amor. Mas você, acostumado a viver na escuridão, não soube suportar a minha luz.
Espero que encontre alguma paz se algum dia conseguir e quiser viver dentro da honestidade.
Que os sensíveis sejam também protegidos. Que sejam protegidos todos os que vêem muito além das aparências. Todos os que ouvem bem pra lá de qualquer palavra. Todos os que bordam maciez no tecido áspero do cotidiano. Todos os que propagam a bondade. Todos os que amam sem coração com cerca de arame farpado. Que sejam protegidos todos os poetas de olhar e de alma, tanto faz se dizem poesia com letras, gestos, silêncios ou outro jeito de fala. Que sejam protegidos não por serem especiais, que toda vida é preciosa, mas porque são luzeiros, vez ou outra um bocadinho cansados, no escuro assustado e apertado do casulo desse mundo

O que eu sinto não é traduzível. Eu me expresso melhor pelo silêncio.
 Você não sabe, mas tenho corrido maratonas e vencido monstros gigantescos para conseguir sentir tudo isso sem arrancar minha cabeça fora.


Ainda dói trocar o romantismo pelo ceticismo, ainda guardamos resquícios dos contos de fada. Mesmo a vida lá fora flertando descaradamente conosco, nos seduzindo com propostas do tipo 'leve dois, pague um', também nos parece tentadora a idéia de contrariar o verso de Duclós e encontrar alguém que acalme nossa histeria e nos faça interromper as buscas.

Me veja e ainda assim me ame



Eu tento não sentir saudade, mas é em vão. Não posso simplesmente apagar você da minha vida. Era amor demais. Você foi a minha referência, minha base, meu mundo, meu chão. Posso parecer boba ou clichê, mas você era como uma lanterna que iluminava o meu caminho. Uma espécie de oráculo, que dizia para onde eu tinha que ir, o que eu tinha que fazer. Ao seu lado, me sentia segura e quase feliz. É claro que eu pensava meu-deus-tenho-que-caminhar-com-as-minhas-próprias-pernas, mas ficava adiando decisões, adiando a minha própria liberdade.

Você me dominava com seu amor, com seus ensinamentos, com sua força. E eu te admirava tanto. Até o dia em que parei de admirar. É que uma horas as máscaras caem. Chega um ponto em que tudo desmorona, feito um castelo de areia na beira da praia. E foi o que aconteceu com você. Eram tantos sonhos. A gente tinha tanta vida pela frente.

Acho que eu nunca quis parar para pensar que o seu amor me fazia mal. Porque amar não é tão difícil. O complicado é encontrar um amor que te faça bem, que não te desequilibre, que não te desestruture, que não te coloque para baixo. Um amor que seja um porto-seguro. E que não tenha que disputar, que não te encare como rival, que não veja a relação como um jogo, uma guerra, um campo de batalha.

Te amar foi difícil. Mas era tudo que eu sabia. E procurava ser tão boa para você, chegava a passar por cima de coisas que eu achava que eram essenciais e boas só para te ver feliz. E nunca, nunca era o suficiente. Então passei a me perguntar: será que algum dia você realmente me conheceu? Será que você quis me ver por dentro? Porque eu sou isso que você vê: sou mais sentimento que razão, sou mais grito que sussurro, sou mais pé na nuvem do que no chão. E não me arrependo de nenhum defeito meu, não me condeno e nem me culpo. Me aceito toda cheia de cicatrizes, roxos e falhas. Só queria que você realmente conseguisse me ver. E ainda assim me amar.